Eu morava com meus pais em um prédio de dez andares e neste prédio, os
corredores que davam para os apartamentos tinham corredores o qual não possuíam
uma porta separando o elevador e o corredor das escadas e sim era todo aberto,
ou seja, saindo do elevador você já estava no corredor e tinha vista para as
escadas do prédio, não havia uma porta fechada separando a escada. São mais
freqüentes em prédios antigos. As escadas do prédio eram no meio do corredor.
Acontece que um dia eu tinha voltado de madrugada de sexta feira e ao sair do
elevador (eu morava no quarto andar) vi uma vizinha minha chamada Suely subindo
as escadas do prédio muito bem arrumada com um vestido azul marinho, como se
tivesse chegado de uma festa ou coisa parecida (ela morava no sexto andar). Eu
não tinha muita intimidade com ela mas até brinquei com ela falando para que
subir todos aqueles andares, podendo ir de elevador, ainda mais toda arrumada
daquele jeito? Mas ela simplesmente me ignorou e continuou a subir. Pensei que
ela não tivesse gostado da brincadeira. Não estranhei mais porque tinha vizinhos
meus que subiam vários andares de escada freqüentemente em vez de pegar o
elevador para poder fazer exercícios e até mesmo emagrecer. Por esta razão não
dei mais importância.
Isto foi de madrugada e neste dia por volta de onze horas da manhã, fui acordado
pelo meu irmão caçula dizendo que a Suely havia morrido em um acidente de carro
naquela madrugada mesmo. Eu não pude acreditar, fiquei realmente impressionado
pois tinha encontrado ela no corredor quando havia chegado em casa. Depois fui
saber que ela tinha sofrido o acidente por volta de uma hora da manhã aí que
fiquei realmente pálido, porque quando voltei naquele dia e havia encontrado ela
no corredor subindo as escadas eram duas e meia da manhã. Logo ela já havia
morrido. Fiquei bastante impressionado com o ocorrido.
Eu não estava enganado com o horário que cheguei em casa, mesmo porque ao me
despedir de dois colegas meus um deles falou que ia acordar tarde porque já eram
quase duas e meia da madrugada o que fez eu conferir no meu próprio relógio. O
porteiro do prédio disse que ela ao sair pela portaria ainda se despediu dele e
estava elegante. Eu então na minha curiosidade perguntei se lembrava como estava
vestida. Ele disse entre outros detalhes que estava em um vestido azul marinho.
E de tão teimoso eu ainda tive oportunidade de verificar o atestado de óbito
dessa vizinha em que constava a morte dela que era uma e dezessete da manhã,
segundo o atestado. Logo não tenho dúvidas do que havia visto.
Kadu - Rio de Janeiro - RJ